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Antonieta tem muito a nos dizer e ensinar. Professora, jornalista, escritora e primeira mulher negra eleita deputada em Santa Catarina e no Brasil (1934).
Forjou sua luta a partir da educação, e fez dela sua trincheira e por ela lutou dentro e fora do parlamento.
Como mulher negra, Antonieta vivenciou um contexto de muita discriminação, machismo e racismo, tanto na educação, quanto no parlamento.
Mesmo assim, ela enfrentou e disse “Só vivem os que lutam”.
Ela viveu lutando pela educação pública, pela população negra, pelas mulheres e pelos menos favorecidos.
Precisamos preservar a memória negra de Santa Catarina. Viva, Antonieta de Barros!
Nós
Nós mulheres, carregamos uma herança histórica de opressão e invisibilização social e política há séculos, que ainda hoje é pautada no patriarcado que coloca o homem como o detentor de todo o poder social, político e familiar.
Não é à toa que historicamente, não ocupamos espaços de prestígio ou reconhecimento social, político ou econômico, mesmo que sempre estivemos na base da sobrevivência familiar.
A violência contra as mulheres constitui-se em uma das principais formas de violação dos seus direitos humanos, atingindo nosso direito à vida, à saúde e à integridade física.
Ela é estruturante da desigualdade de gênero.
Aqui na nossa cidade em 2021, cresceu o número de estupros de crianças e adolescentes em 20,5% no período de um ano - (SSP-SC), 90% dos agressores são familiares.
Em SC, uma mulher foi morta por semana em 2022 e pelo menos 221 mulheres foram vítimas de violência em
Joinville no último ano (psicológicas, físicas, sexuais e outras) - Dados do SAS.
Faz-se assim, a extrema necessidade da prevenção, do combate à violência e da formação através da educação para acarretar mudanças significativas na sociedade.
Nós e o Fascismo
Vivemos hoje um momento de luta esperançada com um governo democrático, assim como nos enchemos de esperança ao ver mulheres no poder que representam nossa luta.
Porém o fascismo que foi reforçado e legitimado pelo governo anterior, ainda permanece.
O fascismo faz uma retórica para nós mulheres na concepção de uma ideia de tradição idealista, um conceito de família tradicional baseada em pai, mãe e filhas/os opondo-se raivosamente às famílias reais, que são a maioria.
O lugar da mulher na concepção fascista é o mesmo lugar no machismo, um local de subordinação, pois ela deve ser “recatada e do lar”.
Deve fazer sacrifícios por sua família, abdicar de si e esse conceito apoiado pelo discurso moral e religioso.
No mundo fascista, a hierarquia das pessoas, não é só entre mulheres e homens, cresce o preconceito generalizado às pessoas negras, LGBTs, PCD, etnias, religiões e outras.
Colocamo-nos contra o fascismo, pois ser contra ele é defender as mulheres, o povo negro, as pessoas LGBTs, periféricas, indígenas, ciganas...
Combater o fascismo é ir contra todo tipo de preconceito, é ir contra o discurso de ódio, de violência que em uma sociedade democrática e que acredita na justiça e na igualdade social e de gênero, fascismo não cabe.
Nós e o racismo
Já que vivemos em um período esperançoso, com um governo que prometeu fala e escuta para mulheres pretas, a contribuição das mulheres pretas de Joinville do 8M é em sentido do esclarecimento da nossa não ilusão com as alianças burguesas que estão sendo feitas, lembrando que não existe uma conciliação das nossas vidas com saúde, educação e moradia num sistema que se pauta pela mercantilização da vida.
Nossas exigências vão para as entidades governamentais que têm o dever de trabalhar pela qualidade de vida das mulheres e crianças pretas que estão à margem de todos os espaços no município.
Que Santa Catarina é um estado regado pelo fascismo e racismo, já repetimos inúmeras vezes.
Por isso a tarefa do movimento negro é em razão de trabalhar pela cobrança de políticas que garantam a nossa vida e segurança, e trabalhar em razão do incentivo à politização da população negra joinvilense, para uma movimentação política independente e desenvolvida para o enfrentamento do Estado burguês, para a garantia da qualidade de vida das mulheres.
Estamos em um espaço que foi transformado e guiado para o esquecimento das mulheres pretas que o ergueram, mas isso não significa que não fizemos e somos parte dessa história.
Nós não esquecemos que a fascistização de Joinville está alimentada e projetada por uma cultura que empurra os cidadãos joinvilenses para uma vida dinamizada exclusivamente para um trabalho que não envolve desenvolvimento estudantil ou profissional, direitos trabalhistas ou preocupação com a jornada tripla das mulheres.
Nós e Joinville
Em Joinville precisamos de avanços para combater a violência, o fascismo, o racismo e proporcionar vida digna para as mulheres.
Sendo assim, convocamos a união das mulheres para as pautas que nos proporcionarão liberdade, equidade e dignidade.
Reivindicamos:
Que o horário de atendimento do DPCAMI (delegacia da mulher) seja estendido para 24h, assim como, que a Delegacia da Mulher atenda somente as demandas das mulheres de forma humanizada e especializada.
A implantação de mais uma Casa Viva Rosa para acolher as mulheres vítimas de violência e que precisam se afastar de seus agressores.
Implementação integral e sistemática do projeto de Erradicação da pobreza Menstrual.
Implementação urgente da lei 14.164, que prevê nas escolas o combate à violência às mulheres.
A criação de uma Vara Especial da Mulher no Fórum para acelerar os processos jurídicos das mulheres.
Encerrar imediatamente os projetos de privatização da saúde (HSJ e demais instâncias da saúde) que prejudicarão o atendimento às mulheres, principalmente as mais vulneráveis e as mulheres negras.
Passe livre para as mães e filhos/as para o transporte à creche, trabalho, saúde, estudo e lazer.
Efetivação da Procuradoria da Mulher para a análise de dados e elaboração de políticas públicas de combate à violência.
Políticas públicas efetivas para proporcionar independência financeira, acesso à educação, saúde mental e creche para os filhos das mulheres vítimas de violência.
Políticas públicas na Cultura que possibilitem o acesso das mães e filhas (os), levando principalmente para os bairros.
Políticas públicas para as mulheres imigrantes negras possibilitando o acesso à saúde, trabalho, educação e lazer.
Políticas públicas para as mulheres transgênero proporcionando o acesso à saúde pública especializada, trabalho, educação, segurança, lazer e vida digna.
Campanha massiva de Combate à violência às mulheres em todos os meios de comunicação, estabelecimentos, escolas, espaços públicos, etc.
Implementações efetivas das leis trabalhistas, queremos novas e melhores leis para as mães trabalhadoras, a diminuição da carga horária de trabalho para 30 horas, e espaços saudáveis e acessíveis de lazer e entretenimento para os trabalhadores joinvilenses.
Pela vida das mulheres negras, contra as ferramentas de opressão e controle do Estado, pelo aborto legal e seguro, pelo fim da polícia militar, rumo à emancipação.
Pedimos urgência nas ações do executivo e do legislativo, pois nossas vidas não podem esperar.
Comitê 8M Joinville 2023
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