Sintect/SC vai acionar o Poder Judiciário para reverter demissão do Carteiro de Joinville
Carteiro Alexsandro de Souza Axt é demitido após gravar vídeo
denunciando as más condições de trabalho no CDD Leste.
Assine a petição online contra a demissão do Carteiro Alexsandro de Souza Axt [clique aqui]
O Carteiro Alexsandro de Souza Axt, trabalhador no CDD Leste em Joinville, foi demitido por justa causa, no último dia 17/10, de acordo com a Superintendência Regional dos Correios de Santa Catarina, após divulgar um vídeo nas redes sociais, descumprindo as normas da empresa, expondo a falta de condições de trabalho na sua Unidade.
Alexsandro de Souza Axt trabalha como Carteiro há 14 anos, é delegado sindical e decidiu gravar o vídeo para mostrar ao presidente dos Correios a situação que muitos trabalhadores são obrigados a enfrentar todos os dias.
“A empresa tem precarizado o nosso serviço, estamos há mais de 5 anos sem Concurso Público, mais de 3 anos sem manutenção adequada nos veículos - só reparos pontuais. Estamos com carga excessiva de trabalho. Só no meu setor são oito funcionários a menos.
Além do nosso serviço diário, tem que fazer as entregas nos distritos com falta de funcionário. Cada um faz 4 ou 5 ruas a mais por dia”, conta Alexsandro.
Cansado da inércia da ECT e das reclamações dos colegas de trabalho o Carteiro decidiu gravar um vídeo mostrando a situação da Unidade para compartilhar com os amigos nas redes sociais.
“Chegar na Unidade da um desânimo ao ver a carga de trabalho excessiva, por falta de funcionário, enquanto isso, o presidente dos Correios tem dado declarações públicas alegando que a estatal passa por problemas financeiros pra justificar a maneira como a empresa está sendo administrada”, comenta Alexsandro.
O advogado do Sintect/SC André Bono destaca que a manifestação de opinião é um direito assegurado pela Constituição - o livre exercício da manifestação de pensamento - entretanto a ECT optou por punir o trabalhador com a demissão.
“Eu queria mostrar para o Guilherme Campos que nós temos trabalho, e muito”, explica.
Após divulgar no WhatsApp o vídeo foi publicado por uma terceira pessoa no Youtube.
O vídeo mostra o descontentamento dele e dos colegas sobre a situação na Unidade e convida o presidente dos Correios - Guilherme Campos - a vir a Joinville para conhecer a realidade do trabalho dos Carteiros.
“Eu compartilhei com os meus amigos e publiquei no facebook”, conta.
O trabalhador também questionou o presidente dos Correios por uma entrevista à imprensa na qual Guilherme Campos fala que a estatal fechará o ano de 2017 com prejuízo de R$ 1,3 bilhão.
Segundo Alexsandro a quantidade de correspondências, “que só aumenta”, não justifica falar em prejuízo e torna cada vez mais complicado realizar o trabalho nos Correios, sendo que muitas vezes é preciso abrir mão da principal refeição do dia para cumprir todo o roteiro de entregas.
“Eu não falei nenhuma mentira. O vídeo expressa o sentimento de todo o cidadão que trabalha nos Correios. Quem tá do lado de fora, só ouve a mídia e a opinião do presidente. Para ele [Guilherme Campos], os Correios está falido, e só resta a privatização. Mas nós sabemos que não é assim, a nossa empresa ajuda a população, nos suamos a camisa, muitas vezes trabalhando doentes, no sol ou na chuva, todos os dias, para dar lucro e alcançar os resultados”, relembra.
A falta de funcionários é um dos maiores problemas dos Correios, seguido pelas más condições de trabalho e a manutenção dos veículos.
Alexsandro de Souza Axt é um pai de família com esposa e dois filhos, que sempre teve orgulho em ter o seu GCR sempre qualificado, agora, foi punido por estar publicamente defendendo o direito em ter melhores condições de trabalho.
“Quando eu soube da demissão, perdi o chão. Eu tenho uma família para sustentar e contas para pagar”, conta emocionado.
O trabalhador concorda com a direção do sindicato e aponta que a política administrativa da ECT tem o objetivo de privatizar os Correios e para isso tem sacrificado a categoria.
“Se um trabalhador faltar quem está na Unidade acumula mais um distrito a sua rota. Isso judia muito, cria uma insatisfação coletiva e deixa muita gente indignada”, explica.
Para o Secretário Geral do Sintect/SC Giovani Zoboli, a demissão do Carteiro é uma represália do pós-greve, considerando que o mesmo também atua como delegado sindical.
“Não vamos aceitar essa imposição da empresa sem lutar porque essa atitude da ECT passa por cima do Acordo Coletivo de Trabalho e abre um precedente para que outros trabalhadores sejam julgados e condenados pela diretoria dos Correios”, afirma.
Acompanhe a entrevista com o trabalhador no vídeo abaixo: